Senhor,
a noite caiu,
e eu continuo acordado.
Tudo parece grande demais —
meus sonhos, meus medos,
meus desejos, minha vontade de amar.
Quero viver tudo de uma vez,
quero que alguém me entenda,
quero sentir que importo,
quero ser visto, escolhido, tocado.
Mas o quarto é pequeno,
e dentro de mim há um espaço
que não sei completar.
Então eu Te falo,
mesmo sem saber se escutas:
Por que me fizeste assim,
cheio de desejo e de dúvida,
de pressa e de carência?
E no fundo do silêncio,
Tua voz vem mansa e serena:
“Eu te fiz assim porque te amo.
Coloquei em ti a sede do infinito,
e é essa sede que te levará até Mim.
Não te apresses, meu filho.
O amor que procuras existe,
mas ainda o estou preparando —
e também te preparo para ele.
Guarda teu coração,
não como quem teme,
mas como quem espera o tempo certo da colheita.
Um dia compreenderás
que cada solidão era um convite Meu,
e cada lágrima, um caminho para o amor verdadeiro.”
Senhor,
fica comigo nesta noite.
Não quero fugir de quem sou,
nem apressar o que ainda está nascendo.
Ensina-me a esperar,
a crescer sem me perder,
a amar sem me esquecer de Ti.
E quando o amanhã chegar,
que eu acorde leve,
sabendo que mesmo no escuro
Tu estavas aqui —
dentro do meu silêncio,
dentro de mim.
Autor: Ricardo Córdoba Baptista
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