Senhor,
não quero uma fé de palavras,
nem uma oração que não se suja.
Quero Te seguir de verdade,
onde o chão é duro,
onde o rosto do homem ainda chora.
Faz-me como São Pedro Claver,
aquele Teu louco de amor
que desceu aos porões dos navios
para Te encontrar entre os escravos.
Dá-me o coração dele, Senhor —
um coração que não se assusta com a dor,
que toca as feridas com ternura,
que não pergunta se vale a pena,
porque já sabe que o amor basta.
Não quero templos dourados,
quero o Teu altar nas ruas.
Quero Te ver nos rostos esquecidos,
ouvir Tua voz nas vozes roucas dos pobres.
Ensina-me a ajoelhar-me diante dos homens,
não por fraqueza,
mas por amor.
Que minhas mãos aprendam a falar de Ti
antes que minha boca O pronuncie.
Senhor,
livra-me da piedade que observa de longe.
Dá-me a compaixão que se aproxima.
Dá-me olhos que enxerguem a Tua face
onde o mundo vê apenas miséria.
Faz-me Teu servo, Senhor,
como fizeste Pedro Claver:
livre por dentro,
escravo por amor.
E quando eu temer,
quando o cansaço pesar mais que a fé,
recorda-me que o Céu
é o lugar onde o amor desce —
não onde ele se esconde.
Então, Senhor,
toma a minha juventude,
meus sonhos, minhas pressas,
e molda-os nas Tuas mãos.
Que eu não viva para ser visto,
mas para ver-Te
no último dos Teus filhos.
Faz-me, Senhor,
como Pedro —
para que eu desça contigo
até o coração dos homens.
Amém.
Autor: Ricardo Córdoba Baptista
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