Senhor,
tenho dezoito anos,
e a vida inteira parece me chamar.
Os amigos fazem planos,
o mundo me oferece caminhos,
e eu — eu só ouço uma voz mansa dentro de mim
que repete: “Vem.”

Às vezes penso:
“E se for loucura?
E se eu estiver confundindo emoção com fé?”
Porque também quero viver,
me aventurar, amar,
sentir o mundo nas mãos.

Mas Tu me olhas — e eu me calo.
Porque há algo no Teu olhar
que me chama mais forte que tudo o resto.

Tenho medo, Senhor.
Medo de me enganar,
de confundir Teu chamado com um impulso.
Medo de escolher cedo demais
algo que pedirá minha vida inteira.

E então, no silêncio,
Tu me falas com carinho de Pai:

“Meu filho,
Eu te entendo.
Nenhum coração é tão puro
que não conheça o medo.
Nem mesmo os Meus santos foram diferentes.

Olha São Luís Gonzaga:
também jovem, também inquieto.
Tinha o mundo aos pés,
e escolheu o céu.
Não porque era forte,
mas porque confiou no amor.

E São Carlo Acutis?
Jogava videogame, ria com os amigos,
amava a Eucaristia mais que tudo.
Viveu pouco, mas viveu inteiro.
Não esperou ser santo depois.

É isso que te peço também,
não uma decisão apressada,
mas um coração disposto.
Aprende a Me ouvir no simples,
a Me seguir nos pequenos gestos.

Se for o Meu chamado,
ele não vai te deixar em paz —
mas vai te encher de paz.”

E eu, Senhor,
com o coração dividido,
não sei o que responder.

Talvez ser Teu não seja decidir tudo hoje,
mas deixar-Te entrar aos poucos,
até que o medo vire entrega,
e a dúvida, fé.

Então Te peço:
fica comigo neste tempo de espera.
Não deixes que o medo fale mais alto
que o Teu amor.

E se um dia for verdade que me chamas,
dá-me a coragem de dizer “sim”
com o mesmo tremor
com que Maria disse “faça-se”.

Enquanto isso,
deixa-me crescer aos Teus olhos,
no silêncio,
na dúvida,
na fé.

Autor: Ricardo Córdoba Baptista

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *